ÍDOLO-PLACA DA LAPA DO BUGIO (SESIMBRA).
Neolítico Final
Os ídolo-placa, geralmente de xisto, mais raramente de grés
ou calcário, surgiram no Neolítico final do Centro e Sul de Portugal, em
ambientes, de um modo geral, funerários, há cerca de 5200-5000 anos e
sobreviveram até aos inícios de Calcolítico, há cerca de 4800 anos. A sua
conotação com a morte é evidente, tal como com o sexo feminino da entidade que
representam.
A maioria dos exemplares conhecidos apresenta um carácter
antropomórfico estilizado, cujo corpo se encontra “vestido” por estrutura
têxtil de motivos geométricos diversificados; algumas peças mais evolucionadas
possuem olhos solares. Excepcionalmente, a representação antropomórfica gravada
nestas placas pétreas surge desnuda, com signos atribuídos ao sexo feminino. Na
esmagadora maioria dos exemplares existe no topo um orifício que permitia a sua
suspensão ao pescoço da(o) defunta(o).
Diversas interpretações têm sido propostas para estes
ideoartefactos “icónicos” da Pré-história portuguesa, que não serão aqui
debatidas.
O exemplar apresentado, proveniente de ossuário da Lapa do
Bugio, do Neolítico final, e pertencente ao acervo do MAEDS, apresenta uma
iconografia única. No interior do corpo da divindade feminina, encontra-se
figurado o ídolo almeriense, muito divulgado em contextos coevos do Sudeste da
Península Ibérica, manufacturado frequentemente em placa óssea. Podemos assim
ler neste ídolo-placa uma alusão à maternidade, mas mais ainda, à interacção
entre as costas atlântica e mediterrânea do sul da Ibéria e apreender uma
narrativa que com 5000 anos nos indica ainda caminhos com futuro.
J.S.
ENGRAVED SCHIST PLAQUE OF LAPA DO BUGIO (SESIMBRA)
Late Neolithic
The specimen presented here, from the late Neolithic, with
about 5000 years, has a unique iconography. Inside the body of the female
divinity is the Almerian idol, widely represented in Late Neolithic contexts of
the Iberian Southeast. We can thus read in this artifact an allusion to
motherhood, but even more so, to the interaction of the south of the Iberian
Peninsula coast by coast, from the Atlantic to the Mediterranean. A history of
5000 years ago can, amazingly, indicate a future path.
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