CAPITEL DE COLUNA, DE ESTILO CORINTIZANTE, DO SÉCULO II
d.C., DECORADO COM MOTIVOS VEGETALISTAS
Exemplar encontrado em Caetobriga, nas escavações da Rua
Vasco Soveral, 8-12, da iniciativa do MAEDS, sob a direcção de Joaquina Soares,
onde hoje se localiza um alojamento local propriedade da Engª Ana Saraiva
Carvalho. De excelente execução, em calcário beje, possui 22cm de altura. As
suas dimensões são compatíveis com um espaço privado, eventualmente o peristilo
ou o triclinium da domus (“Casa dos Mosaicos”) parcialmente escavada na Rua
António Joaquim Granjo.
As faces laterais do capitel encontram-se decoradas por
quatro palmetas, uma em cada face. A organização é simétrica e com equilibrado
jogo de claros-escuros. A decoração vegetalista, inspirada em ornamentos
helenísticos, observa-se a partir dos séculos I e II d.C. Os exemplares mais
antigos surgiram em Pompeia, geralmente em edifícios privados.
A decoração tem paralelos nos capitéis corintizantes de
Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisboa) e Santarém, e embora possa ter
sido produzida em oficina da região de Lisboa, que por hipótese abasteceria Felicitas
Iulia Olisipo e território circundante, o capitel corintizante de Setúbal
também pode ser relacionado com fluxos comerciais mais amplos, de oficinas
provinciais do sul da Península Ibérica que por via marítima e fluvial ou por
via terrestre (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita)
fizeram circular matérias-primas como mármore de Estremoz ou calcário de
Sintra, presentes na província da Bética em cidades como Itálica e Baelo
Claudia, entre outras. Pelas mesmas vias podem ter sido comercializados cartões
e produtos manufacturados. O valor e apreço pelo capitel da Rua Vasco Soveral
explicam que o seu proprietário o tenha mandado restaurar na parte quebrada de
uma das folhas da coroa inferior, através de pequeno espigão metálico, parte
integrante da biografia da peça.
J.S.
COLUMN CAPITAL, CORINTHIAN STYLE, FROM THE 2nd CENTURY AD,
DECORATED WITH FOLIAGE ORNAMENT
Capital found in Caetobriga (Setúbal), in the excavations of
Rua Vasco Soveral 8-12, under the MAEDS initiative and Joaquina Soares
direction, where today a local accommodation owned by C. Eng. Ana Saraiva
Carvalho is located. With excellent execution, in beige-white limestone, it is
22cm high. Its dimensions are compatible with a private space, possibly the
peristyle or the triclinium of a domus ("Casa dos Mosaicos")
partially excavated on the surrounding area (Rua António Joaquim Granjo).
The lateral faces of the capital are decorated by four
acanthus leaves, one on each side. The organization is symmetrical and with a
balanced game of light-dark shadows. The vegetal decoration, inspired by
Hellenistic ornaments, can be seen from the 1st until the 2nd century AD. The
oldest specimens appeared in Pompeii, usually in private buildings.
The decoration find similarities in the Corinthian style
capitals of Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisbon) and Santarém, and
although it may have been produced in a workshop in the Lisbon region, which
hypothetically would supply Felicitas Iulia Olisipo and the surrounding
territory, the Corinthian style capital of Setúbal can also be related to wider
commercial flows, from provincial workshops in the south of the Iberian
Peninsula that by sea and river or by land (Olisipo - Caetobriga - Salacia -
Ebora - Augusta Emerita) boosted the circulation of raw materials like Estremoz
marble or Sintra limestone, that were found in the province of Baetica in
cities such as Italica and Baelo Claudia, among others. Cards with models and
manufactured products may have been sold along the same routes. The value and
appreciation for the column capital of the Rua Vasco Soveral explain that its
owner had it restored on the broken part of one of the acanthus leaves of the
lower crown through a small metallic spike that shows an important part of the
piece biography.
Bibliografia | Bibliography
Soares, J.; Fernandes, L.; Tavares da Silva, C.; Pereira,
T.R.; Duarte, S.; Coelho-Soares, A. (2019) - Preexistências de Setúbal:
intervenção arqueológica na Rua Vasco Soveral 8-12. Ophiussa, 3, p. 155-183.
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