Já se encontra disponível para download a revista
"Setúbal Arqueológica", vol. VI-VII.
PEÇA DA SEMANA
Garrafaria e Sismo de 1755
Recuperadas durante as excavações
arqueológicas realizadas pelo MAEDS em uma casa nobre da Av. Luisa Todi em
Setúbal, as garrafas de vidro, muito provavelmente produzidas na Real Fábrica
de Coina, poderão ter sido destinadas a conter “Água de Inglaterra”, água de
quina muito utilizada nesse período, pelas suas qualidades medicinais. Estes
exemplares e um conjunto notável de outros objectos foram encontrados no silo
da residência, sob os derrubes de paredes do imóvel colapsadas por efeito do
sismo de 1755, o qual causou em Setúbal elevados danos, só comparáveis aos de
Lisboa. O imóvel afectado foi rapidamente reconstruído, havendo documento de
1762 que regista como seu proprietário o cônsul inglês Adolfo Pesch.
J.S.
Glass bottles and the 1755 earthquake
Set of glass
bottles recovered in the excavations of an aristocratic house located on Avenida
Luísa Todi (Setúbal) under the Museum initiative. These bottles most likely
produced at the Coina Royal Factory may have been destined to contain “England
water”, a tonic water with quinine composition that was widely used in that
period, for its medicinal qualities.
These specimens
and a remarkable set of other objects were found in the storage pit of the
residence, under the collapsing walls of the property collapsed due to the 1755
earthquake, which caused high damage in Setúbal, only comparable to those in
Lisbon. The affected property was quickly rebuilt, and we know from a 1762
document that records the English consul Adolfo Pesch as its owner.
O MAEDS disponibiliza um novo tema: DINÂMICAS MUSEOLÓGICAS.
Começamos com o ano de 2019. Aqui poderá consultar as actividades desenvolvidas
pelo museu.
Pode fazer o download aqui: https://bit.ly/3aAXQPI
As
exposições temporárias de 2019 do MAEDS terminaram com "Let me tell you
about...". Um exposição de arte contemporânea que contou com os artistas
convidados: Ana Lima-Netto, Jaime Silva, Maria Gabriel e Rosa Nunes.
Participaram ainda os artistas emergentes e alunos do Atelier Experimental
2018/19 da Sociedade Nacional de Belas Artes: Ana Costa Gomes, Ana Wever,
Antonieta Martinho, António Ventura, Clara Nunes, Dália Rêgo, Eunice Lopes,
Gilda Carmona, Helena Vantache, Ilda Felizardo, Isabel Ceia, Joaquim Silva
Dias, Luísa Freitas, Manuela Ducla Soares, Nani Valente e Rosa Areias. A
exposição foi organizada em parceria com a Sociedade Nacional de Belas Artes e
a curadoria esteve a cargo de Joaquina Soares e Ana Lima-Netto.
O catálogo da exposição pode ser consultado aqui:
Novo artigo disponível
Já pode consultar o artigo "Aspectos
da presença militar romano-republicana no Castro de Chibanes (Palmela)",
dos investigadores Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Susana Duarte,
Teresa Rita Pereira e Vincenzo Soria.
Pode
fazer o download aqui:
Catálogos de exposições temporárias 2019
Foi com a exposição temporária de arte
contemporânea “Luz Água” que o MAEDS
iniciou as suas celebrações do Março
Mulher’19.
A exposição, organizada em parceria com
a Galeria Diferença, contou com obras
das artistas Ana Hatherly, Albertina Sousa
(albertina.s.sousa@gmail.com), Irene
Buarque (www.irenebuarque.com), Marta
Caldas (caldas.marta@gmail.com) e Raquel
Melgue (www.raquelmelgue.com).
A mostra sob curadoria de Joaquina Soares e Irene Buarque esteve patente no MAEDS de 23 de março a 30 setembro
de 2019.
Uma visão feminina e solar do mundo,
para uma cidade marítima como Setúbal. Pensada também como homenagem à grande
mulher de cultura Ana Hatherly, tão
bem evocada por André Gomes no célebre Pavão!
Saiba
mais através do seu catálogo aqui:
PEÇA DA SEMANA
LUCERNA ROMANO-REPUBLICANA DE CHIBANES
Lucerna de tradição helenística (tipo G de Ricci/ Dressel
1B), com ampla cronologia (130-30 a.C) e distribuição. Foi encontrada em
Chibanes em um contexto habitacional de c. 70-50 a.C. durante as escavações
arqueológicas aí realizadas pelo MAEDS.
Trata-se de um artefacto indispensável à vida
quotidiana, bem adaptado à tradicional iluminação a azeite mediterrânea. Se no
ambiente doméstico fazia recuar as sombras, também na morte iluminaria o
caminho oculto da grande viagem, integrando pois deposições funerárias.
Embora fabricadas em série, as lucernas
romano-republicanas possuem em geral pasta bem depurada, e motivos decorativos geométricos
no disco que realçam a elegância da forma, como se pode ver no exemplar de
Chibanes, onde ainda se conservam vestígios do verniz negro que revestia as
superfícies externas da peça.
J.S.
ROMAN-REPUBLICAN LAMP FROM CHIBANES
Hellenistic tradition lamp (Ricci
type G/ Dressel 1B), with wide diachrony (130-30 BC) and circulation. This lamp
was found in a residential environment dated between c. 70-50 BC during the
archaeological excavations held by this Museum (MAEDS) at Chibanes (Palmela).
It is a crucial artefact for everyday
life, well adapted to traditional Mediterranean olive oil lighting. If in the
domestic environment it made the shadows recede, in the afterlife it would
enlight the hidden path of the great journey, and doing so is often found in
funerary depositions.
Although manufactured on a large
scale base, the Roman-Republican lamps generally have a well-purified clay and
geometric decorative motifs on the disc that enhance the elegance of the shape,
as can be seen in the Chibanes example, where traces of the original black
gloss still cover the external surfaces of the lamp.
Hoje relembramos a exposição
“Memória e Esquecimento”, das artistas Margarida Lourenço e Rosa Nunes.
A exposição esteve patente no MAEDS entre 16 de Fevereiro e 16 de Março de 2019.
A exposição esteve patente no MAEDS entre 16 de Fevereiro e 16 de Março de 2019.
Sob o tema “Tempo Suspenso”, as
gravuras de Margarida Lourenço (mmargaridalourenco@gmail.com) recriam “a utopia do equilíbrio perfeito e
persistente nas suas belíssimas paisagens, anulando qualquer erosão que a
passagem do tempo pudesse engendrar.”
Rosa Nunes
(https://rosanunesfotografia.weebly.com) faz-nos recuar no tempo através das
suas fotografias intituladas de “Mega-artefactos”, mostrando-nos “a escorrência do tempo e do esquecimento
sobre a ruína de um mega-artefacto.” (Joaquina Soares).
Consulte aqui o desdobrável:
Consulte aqui o desdobrável:
O MAEDS convida-a(o) a revisitar as exposições temporárias de 2019, disponibilizando online os seus catálogos.
Começamos com a exposição "Corona
Borealis. Ticiano revisitado", de Eduardo Carqueijeiro e curadoria de
Joaquina Soares, inaugurada a 29 de Setembro de 2018, e encerrada a 26 de
Janeiro de 2019.
Excerto do texto de Joaquina Soares:
“[...] Eduardo Carqueijeiro constrói em cor e luz um mundo “total” onde
a Memória não se perde, atravessa desvairados tempos, enriquece-se de formas e
significados, de sentimentos e conhecimento. O artista entra no Labirinto e
regressa a Ítaca, digo Museum by the River, guiado pelo código secreto de
Ariadne, e embora possa não ser imediatamente perceptível, do novelo que traz
consigo desprende-se um ténue fio que atravessa a exposição. Podemos ou não
segui-lo. O presente e o futuro escrevem-se em muitas línguas.[...]”
Consulte o catálogo completo aqui: https://bit.ly/2yi2DYG
PEÇA DA SEMANA
ÍDOLO-PLACA DA LAPA DO BUGIO (SESIMBRA).
Neolítico Final
Os ídolo-placa, geralmente de xisto, mais raramente de grés
ou calcário, surgiram no Neolítico final do Centro e Sul de Portugal, em
ambientes, de um modo geral, funerários, há cerca de 5200-5000 anos e
sobreviveram até aos inícios de Calcolítico, há cerca de 4800 anos. A sua
conotação com a morte é evidente, tal como com o sexo feminino da entidade que
representam.
A maioria dos exemplares conhecidos apresenta um carácter
antropomórfico estilizado, cujo corpo se encontra “vestido” por estrutura
têxtil de motivos geométricos diversificados; algumas peças mais evolucionadas
possuem olhos solares. Excepcionalmente, a representação antropomórfica gravada
nestas placas pétreas surge desnuda, com signos atribuídos ao sexo feminino. Na
esmagadora maioria dos exemplares existe no topo um orifício que permitia a sua
suspensão ao pescoço da(o) defunta(o).
Diversas interpretações têm sido propostas para estes
ideoartefactos “icónicos” da Pré-história portuguesa, que não serão aqui
debatidas.
O exemplar apresentado, proveniente de ossuário da Lapa do
Bugio, do Neolítico final, e pertencente ao acervo do MAEDS, apresenta uma
iconografia única. No interior do corpo da divindade feminina, encontra-se
figurado o ídolo almeriense, muito divulgado em contextos coevos do Sudeste da
Península Ibérica, manufacturado frequentemente em placa óssea. Podemos assim
ler neste ídolo-placa uma alusão à maternidade, mas mais ainda, à interacção
entre as costas atlântica e mediterrânea do sul da Ibéria e apreender uma
narrativa que com 5000 anos nos indica ainda caminhos com futuro.
J.S.
ENGRAVED SCHIST PLAQUE OF LAPA DO BUGIO (SESIMBRA)
Late Neolithic
The specimen presented here, from the late Neolithic, with
about 5000 years, has a unique iconography. Inside the body of the female
divinity is the Almerian idol, widely represented in Late Neolithic contexts of
the Iberian Southeast. We can thus read in this artifact an allusion to
motherhood, but even more so, to the interaction of the south of the Iberian
Peninsula coast by coast, from the Atlantic to the Mediterranean. A history of
5000 years ago can, amazingly, indicate a future path.
PEÇA DA SEMANA
CAPITEL DE COLUNA, DE ESTILO CORINTIZANTE, DO SÉCULO II
d.C., DECORADO COM MOTIVOS VEGETALISTAS
Exemplar encontrado em Caetobriga, nas escavações da Rua
Vasco Soveral, 8-12, da iniciativa do MAEDS, sob a direcção de Joaquina Soares,
onde hoje se localiza um alojamento local propriedade da Engª Ana Saraiva
Carvalho. De excelente execução, em calcário beje, possui 22cm de altura. As
suas dimensões são compatíveis com um espaço privado, eventualmente o peristilo
ou o triclinium da domus (“Casa dos Mosaicos”) parcialmente escavada na Rua
António Joaquim Granjo.
As faces laterais do capitel encontram-se decoradas por
quatro palmetas, uma em cada face. A organização é simétrica e com equilibrado
jogo de claros-escuros. A decoração vegetalista, inspirada em ornamentos
helenísticos, observa-se a partir dos séculos I e II d.C. Os exemplares mais
antigos surgiram em Pompeia, geralmente em edifícios privados.
A decoração tem paralelos nos capitéis corintizantes de
Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisboa) e Santarém, e embora possa ter
sido produzida em oficina da região de Lisboa, que por hipótese abasteceria Felicitas
Iulia Olisipo e território circundante, o capitel corintizante de Setúbal
também pode ser relacionado com fluxos comerciais mais amplos, de oficinas
provinciais do sul da Península Ibérica que por via marítima e fluvial ou por
via terrestre (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita)
fizeram circular matérias-primas como mármore de Estremoz ou calcário de
Sintra, presentes na província da Bética em cidades como Itálica e Baelo
Claudia, entre outras. Pelas mesmas vias podem ter sido comercializados cartões
e produtos manufacturados. O valor e apreço pelo capitel da Rua Vasco Soveral
explicam que o seu proprietário o tenha mandado restaurar na parte quebrada de
uma das folhas da coroa inferior, através de pequeno espigão metálico, parte
integrante da biografia da peça.
J.S.
COLUMN CAPITAL, CORINTHIAN STYLE, FROM THE 2nd CENTURY AD,
DECORATED WITH FOLIAGE ORNAMENT
Capital found in Caetobriga (Setúbal), in the excavations of
Rua Vasco Soveral 8-12, under the MAEDS initiative and Joaquina Soares
direction, where today a local accommodation owned by C. Eng. Ana Saraiva
Carvalho is located. With excellent execution, in beige-white limestone, it is
22cm high. Its dimensions are compatible with a private space, possibly the
peristyle or the triclinium of a domus ("Casa dos Mosaicos")
partially excavated on the surrounding area (Rua António Joaquim Granjo).
The lateral faces of the capital are decorated by four
acanthus leaves, one on each side. The organization is symmetrical and with a
balanced game of light-dark shadows. The vegetal decoration, inspired by
Hellenistic ornaments, can be seen from the 1st until the 2nd century AD. The
oldest specimens appeared in Pompeii, usually in private buildings.
The decoration find similarities in the Corinthian style
capitals of Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisbon) and Santarém, and
although it may have been produced in a workshop in the Lisbon region, which
hypothetically would supply Felicitas Iulia Olisipo and the surrounding
territory, the Corinthian style capital of Setúbal can also be related to wider
commercial flows, from provincial workshops in the south of the Iberian
Peninsula that by sea and river or by land (Olisipo - Caetobriga - Salacia -
Ebora - Augusta Emerita) boosted the circulation of raw materials like Estremoz
marble or Sintra limestone, that were found in the province of Baetica in
cities such as Italica and Baelo Claudia, among others. Cards with models and
manufactured products may have been sold along the same routes. The value and
appreciation for the column capital of the Rua Vasco Soveral explain that its
owner had it restored on the broken part of one of the acanthus leaves of the
lower crown through a small metallic spike that shows an important part of the
piece biography.
Bibliografia | Bibliography
Soares, J.; Fernandes, L.; Tavares da Silva, C.; Pereira,
T.R.; Duarte, S.; Coelho-Soares, A. (2019) - Preexistências de Setúbal:
intervenção arqueológica na Rua Vasco Soveral 8-12. Ophiussa, 3, p. 155-183.
Subscrever:
Mensagens (Atom)