Exposição "NO CORAÇÃO DO TEATRO"

Pintura de Nuno David 

Brinquedos e marionetas de Hélder Esdras 

PROLONGADA ATÉ AO DIA 10 NOVEMBRO




Exposição “EMBODYING THE LANDSCAPE” De Rosa Nunes PROLONGADA ATÉ AO FINAL DO ANO


 

 Consulte o video da apresentação de Joaquina Soares (MAEDS) no EAA 2019, em Berna, no âmbito da sessão #196 Gender and other barriers: archaeological perspectives, coordenada por Joaquina Soares e Ana Catarina Sousa:

EARCHING FOR ZERO GENDER IDENTITIES IN IBERIAN PREHISTORY -https://youtu.be/uooCmcXlKRA

Jornadas Europeias do Património 2020

 



ROTEIRO GRÁFICO

2 Sessões- 1ª-10h00/2ª-11h00

Visita desenhada que proporciona às suas crianças uma visita diferente ao MAEDS, em segurança, deixando-as surpreender-se com a cultura material exposta e inquirir sobre o que lhes causar estranheza, curiosidade, emoção…

Público-alvo: 6-13 anos (número máximo de participantes: 5 por sessão)


DESENHAR COM QUEM DESENHA, PINTAR COM QUEM PINTA

2 Sessões- 1ª-10h00/2ª-11h00

Visita à exposição "No Coração do Teatro" e experiências de expressão visual com o pintor Nuno David.

Público-alvo: Adolescentes e adultos (número máximo de participantes: 5 por sessão)


DESCOBRINDO O BRINQUEDO

2 Sessões- 1ª-15h00/2ª-16h00

Sessão animada com o colecionador de brinquedos Hélder Esdras e construção de marionetas.
Público-alvo: 6-13 anos (número máximo de participantes: 5 por sessão)
PARTICIPAÇÃO GRATUITA, MAS SUJEITA A INSCRIÇÃO PRÉVIA ATRAVÉS DOS SEGUINTES CONTACTOS: 265239365/939553004
MAEDS@AMRS.PT

 


Saiba mais sobre a exposição "EMBODYING THE LANDSCAPE"

Fotografia de Rosa Nunes

Vídeo de Alberto Pereira








Saiba mais sobre a exposição "No Coração do Teatro"
Pintura de Nuno David.
Brinquedos e marionetas de Hélder Esdras.
Vídeo de Alberto Pereira.



Não perca a excelente reportagem da jornalista Inês Antunes Malta publicada em "O Setubalense | Diário Regional de Setúbal", de 29 de Julho de 2020.
Consulte a noticia completa aqui: 



Abertura das novas exposições temporárias no MAEDS


No dia 25 de Julho abriram duas novas exposições temporárias no MAEDS: "Embodying the landscape", por Rosa Nunes e "No coração do teatro", com pinturas de Nuno David e brinquedos e marionetas da colecção de Hélder Esdras. Estas exposições ficam patentes até ao dia 24 de Outubro de 2020. A entrada é livre, no horário habitual do MAEDS.

Foto de Alex Gandum
Foto de Alex Gandum
Foto de Alex Gandum
Foto de Alex Gandum
Foto de Alex Gandum
Foto de Alex Gandum



O MAEDS no âmbito das parcerias que desenvolve com as Escolas da Região, divulga os dois últimos trabalhos de estágio sobre o património cultural, desenvolvidos em grande parte durante o período de confinamento da pandemia, por David Lopes e João Lavrador, alunos da Escola Secundária D. João II. 

David Lopes

João Lavrador








Dentro do horário habitual, o MAEDS reabre as portas ao público, com as necessárias medidas de segurança que todos temos de seguir para bem da saúde pública.
Se ainda não conhece o museu, venha descobrir as origens e evolução humana no território do distrito de Setúbal.
Se frequenta habitualmente o museu, venha visitar a exposição temporária “Festas de Nossa Senhora de Tróia” com visionamento de um vídeo de Renato Monteiro.
Esta exposição será encerrada no final de Junho.
Esperamos por si.



PEÇA DA SEMANA



PENDENTE DE XISTO GRAVADO
DO PERÍODO ROMANO-REPUBLICANO DE CHIBANES

Deixámos para o final da rubrica Peça da Semana, que agora termina com a abertura do MAEDS no próximo dia 2 de Junho, um objecto não estandardizado, de cunho muito pessoal e execução naif cuja real decifração ficará talvez para sempre no domínio das hipóteses, face à impossibilidade de aceder aos códigos de representação gráfica de um presumível legionário, provavelmente hispano, que estacionou em caserna do fortim romano-republicano de Chibanes, mais propriamente no Compartimento T16, algures entre 110 e 72 a. C. (C.3B). Abandonado ou perdido, este pendente havia sido gravado com estilete ou punção metálico de ponta romba em ambas as faces de pequeno seixo rolado com perfuração bicónica destinada à sua suspensão. No anverso existe a representação de um feixe de elementos que irradiam de um ponto central o qual, em termos gerais, nos sugere padrão iconográfico de escudo romano. No reverso parece existir a representação, muito esquemática, de pequena embarcação de vela latina. Em ambas as composições parecem ter sido incluídos como elementos decorativos (?) caracteres de línguas paleo-hispânicas, ainda em estudo pelo Prof. José António Corrêa da Universidade de Sevilha.
Mas que caminhos terá percorrido este legionário antes de chegar a Chibanes? Foi então necessário atender à natureza petrográfica do suporte.  O  Prof. Paulo Emanuel Fonseca, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, admitiu tratar-se de um xisto grafitoso da formação do Paraíso da zona de Aljustrel, antiga Vipasca. Um percurso de Vipasca a Chibanes passando por Salacia adquire verosimilhança.
A biografia dos objectos contém a biografia dos seus fazedores para lá da ambiguidade dos símbolos.
J. S.


ENGRAVED SCHIST PENDANT OF CHIBANES
ROMAN-REPUBLICAN PERIOD

For this weeks museum “Piece of the week” rubric, which now ends with the opening of MAEDS on the next 2nd of June, we bring you a non-standard object, with a very personal mark and a naïf style execution whose real interpretation may always stay in the domain of the hypothesis, due to the impossibility of accessing the codes of graphic representation of a presumed legionary, probably Hispanic, who was established at the Roman republican fortified camp of Chibanes. This finding was collected in the residential area of ​​the military camp, more specifically in the T16 compartment, which layer 3B had been dated between 110 and 72 BC. Abandoned or lost, this pendant was engraved with a blunt tip stylus or metal punch at the two faces of this small pebble with a biconic perforation intended for its suspension. At the obverse there is a representation of a set of elements that radiate from a central point that suggests an iconographic pattern of the Roman shield. On the other side (reverse) there seems to be a very schematic representation of a Roman sailing vessel. In both compositions, paleo-hispanic characters seem to have been introduced, probably with a purely decorative character, although they are being studied by Prof. José António Correa from the University of Seville.
But what paths did this legionary take before arriving in Chibanes? It was then necessary to take in account the petrographic nature of the support. Prof. Paulo Emanuel Fonseca, from the Faculty of Sciences of the University of Lisbon, admitted that this was a graphite schist from the Paraíso geological formation in the Aljustrel area, near to the formerly Vipasca roman mines. A journey from Vipasca to Chibanes passing through Salacia acquires verisimilitude. The biography of objects contains the biography of their creators beyond the ambiguity of its symbols.

Bibliografia:
Soares, J.; Tavares da Silva, C.; Duarte, S.; Pereira, T. R.; Sorìa, V. (2019) - Aspectos da presença militar romano-republicana no Castro de Chibanes (Palmela). Revista Portuguesa de Arqueologia, 22, p. 70-93.

Tavares da Silva, C.; Soares, J.; Duarte, S.; Pereira, T. R.; Coelho-Soares, A.; Sorìa, V. (2019) - Castro de Chibanes (Palmela). Trabalhos arqueológicos de 2012 a 2017. In J. Soares, I. V. Pinto, C. Tavares da Silva (coord.), Do Paleolítico ao Período Romano Republicano. Actas do IX Encontro do Sudoeste Peninsular (Setúbal Arqueológica, 18), p. 215-246.
http://maeds.amrs.pt/informacao/setubalarqueologica/setubalarqueologica18/19_Chibanes.pdf


PEÇA DA SEMANA



Vasos funerários da Idade do Bronze médio.
Meados do 2º milénio BC
Necrópoles de cistas da região de Sines


Os recipientes cerâmicos representados foram encontrados nas escavações arqueológicas de necrópoles de cistas da região de Sines. As peças de colo estrangulado imitam modelos metálicos e acompanhavam os mortos de elevado estatuto social, depositados em decúbito lateral e posição flectida dentro de  caixas pétreas, onde a terra supostamente não entraria,  protegidas por tumulus e agregadas em cemitérios. Estes recipientes integram-se na chamada Cultura do Bronze do Sudoeste que se desenvolveu no Sul de Portugal, na Andaluzia e Extremadura espanhola. Aqueles contentores funerários são datados de meados e terceiro quartel do 2º milénio BC (1500-1250 cal BC) e correspondem a uma fase de retoma do desenvolvimento demográfico, económico e social do Sudoeste da Península Ibérica, após a crise da Idade do Bronze antigo, em que esta região terá estado submetida a exploração pelo Estado de El Argar. Exploração que acabaria por cessar com o colapso daquele centro de poder e pela emergência das suas antigas periferias.

Funerary pottery of the Middle Bronze Age
Mid 2nd millennium BC
Cist necropolis of the Sines region

The ceramic containers represented were found in the archaeological excavations of several cist necropolis  in the region of Sines.  Ceramic forms with strangled neck imitate metallic models and accompanied the dead of high social status, deposited in lateral decubitus and flexed position in stone boxes, where the earth supposedly would not enter, protected by tumulus and aggregated in cemeteries. This pottery is dated to the mid and third quarter of the 2nd millennium BC (1500-1250 cal BC), and integrates the Southwest Bronze Age Culture, which  encompassed the South of Portugal, Andalusia and Spanish Extremadura. The Southwest enters in a phase of economic and social recovery after the collapse of its strongest  neighbor, the State of El Argar.

J.S.

PEÇA DA SEMANA


VASO DE CERÂMICA IMPRESSA DO NEOLÍTICO ANTIGO (2º quartel do VI milénio BC). VALE PINCEL I (SINES)

Este é o recipiente cerâmico mais antigo encontrado no actual território português. Proveio de uma lareira da macro-aldeia neolítica de Vale Pincel I (Sines), debruçada  sobre o Atlântico, e datada por radiocarbono a partir de amostra de carvão de vida curta: Beta-164664 - 6740±40 BP (5720‐5569 cal BC, a 2 sigma). De corpo ovóide e base plana, provido de 2 pegas mamilares perfuradas, apresenta pasta muito grosseira e decoração impressa a punção de extremidade romba, sugerindo sementes de cereal. A acidez do solo não permitiu a conservação de provas directas da agricultura. Porém, o estudo traceológico da utensilagem em sílex comprovou a existência de característicos elementos de foice com lustre de cereal. Escavações dirigidas por Carlos Tavares da Silva e Joaquina Soares.

J.S.

Pre-Cardial pottery with impressed and plastic decoration from the earliest Neolithic Portuguese macro-village located at Vale Pincel I (Sines), facing the Atlantic shore. The fireplace where the recipient was found has been dated by radiocarbon in the 2nd quarter of the VI millennium cal BC. Because of the acidity of the sediments, organic materials were scarcely preserved. However the microscopic analysis of the use-wear traces on flint bladelets revealed many lithic tools used for the harvesting of crops. The archaeological excavations were carried under the direction of Carlos Tavares da Silva and Joaquina Soares.

Bibliografia/bibliography: Tavares da Silva, C.; Soares, J. (2015) - Neolitização da costa sudoeste portuguesa. A cronologia de Vale Pincel I. Actas do 5º Congresso do Neolítico Peninsular. Lisboa: Uniarq, p. 645-659.

Soares, J.; Mazzucco, N.; Clemente-Conte, I. (2016) - The first farming communities in the Southwest European Coast: A traceological approach to the lithic assemblage of Vale Pincel I. Journal of Antropological Archaeology, 41, p. 246-262. 

Já se encontra disponível para download a revista "Setúbal Arqueológica", vol. VI-VII.

Pode consultar aqui:https://bit.ly/2YhAIDu 



PEÇA DA SEMANA






Garrafaria e Sismo de 1755

Recuperadas durante as excavações arqueológicas realizadas pelo MAEDS em uma casa nobre da Av. Luisa Todi em Setúbal, as garrafas de vidro, muito provavelmente produzidas na Real Fábrica de Coina, poderão ter sido destinadas a conter “Água de Inglaterra”, água de quina muito utilizada nesse período, pelas suas qualidades medicinais. Estes exemplares e um conjunto notável de outros objectos foram encontrados no silo da residência, sob os derrubes de paredes do imóvel colapsadas por efeito do sismo de 1755, o qual causou em Setúbal elevados danos, só comparáveis aos de Lisboa. O imóvel afectado foi rapidamente reconstruído, havendo documento de 1762 que regista como seu proprietário o cônsul inglês Adolfo Pesch.

J.S.

Glass bottles and the 1755 earthquake

Set of glass bottles recovered in the excavations of an aristocratic house located on Avenida Luísa Todi (Setúbal) under the Museum initiative. These bottles most likely produced at the Coina Royal Factory may have been destined to contain “England water”, a tonic water with quinine composition that was widely used in that period, for its medicinal qualities.
These specimens and a remarkable set of other objects were found in the storage pit of the residence, under the collapsing walls of the property collapsed due to the 1755 earthquake, which caused high damage in Setúbal, only comparable to those in Lisbon. The affected property was quickly rebuilt, and we know from a 1762 document that records the English consul Adolfo Pesch as its owner.




O MAEDS disponibiliza um novo tema: DINÂMICAS MUSEOLÓGICAS. Começamos com o ano de 2019. Aqui poderá consultar as actividades desenvolvidas pelo museu.

Pode fazer o download aqui: https://bit.ly/3aAXQPI



As exposições temporárias de 2019 do MAEDS terminaram com "Let me tell you about...". Um exposição de arte contemporânea que contou com os artistas convidados: Ana Lima-Netto, Jaime Silva, Maria Gabriel e Rosa Nunes. Participaram ainda os artistas emergentes e alunos do Atelier Experimental 2018/19 da Sociedade Nacional de Belas Artes: Ana Costa Gomes, Ana Wever, Antonieta Martinho, António Ventura, Clara Nunes, Dália Rêgo, Eunice Lopes, Gilda Carmona, Helena Vantache, Ilda Felizardo, Isabel Ceia, Joaquim Silva Dias, Luísa Freitas, Manuela Ducla Soares, Nani Valente e Rosa Areias. A exposição foi organizada em parceria com a Sociedade Nacional de Belas Artes e a curadoria esteve a cargo de Joaquina Soares e Ana Lima-Netto.

O catálogo da exposição pode ser consultado aqui:




Novo artigo disponível


Já pode consultar o artigo "Aspectos da presença militar romano-republicana no Castro de Chibanes (Palmela)", dos investigadores Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Susana Duarte, Teresa Rita Pereira e Vincenzo Soria.

Pode fazer o download aqui: 




Catálogos de exposições temporárias 2019

Foi com a exposição temporária de arte contemporânea “Luz Água” que o MAEDS iniciou as suas celebrações do Março Mulher’19.
A exposição, organizada em parceria com a Galeria Diferença, contou com obras das artistas Ana Hatherly, Albertina Sousa (albertina.s.sousa@gmail.com), Irene Buarque (www.irenebuarque.com), Marta Caldas (caldas.marta@gmail.com) e Raquel Melgue (www.raquelmelgue.com).
A mostra sob curadoria de Joaquina Soares e Irene Buarque esteve patente no MAEDS de 23 de março a 30 setembro de 2019.
Uma visão feminina e solar do mundo, para uma cidade marítima como Setúbal. Pensada também como homenagem à grande mulher de cultura Ana Hatherly, tão bem evocada por André Gomes no célebre Pavão!



Saiba mais através do seu catálogo aqui:



PEÇA DA SEMANA


LUCERNA ROMANO-REPUBLICANA DE CHIBANES

Lucerna de tradição helenística (tipo G de Ricci/ Dressel 1B), com ampla cronologia (130-30 a.C) e distribuição. Foi encontrada em Chibanes em um contexto habitacional de c. 70-50 a.C. durante as escavações arqueológicas aí realizadas pelo MAEDS.  
Trata-se de um artefacto indispensável à vida quotidiana, bem adaptado à tradicional iluminação a azeite mediterrânea. Se no ambiente doméstico fazia recuar as sombras, também na morte iluminaria o caminho oculto da grande viagem, integrando pois deposições funerárias. 
Embora fabricadas em série, as lucernas romano-republicanas possuem em geral pasta bem depurada, e motivos decorativos geométricos no disco que realçam a elegância da forma, como se pode ver no exemplar de Chibanes, onde ainda se conservam vestígios do verniz negro que revestia as superfícies externas da peça.

J.S.


ROMAN-REPUBLICAN LAMP FROM CHIBANES

Hellenistic tradition lamp (Ricci type G/ Dressel 1B), with wide diachrony (130-30 BC) and circulation. This lamp was found in a residential environment dated between c. 70-50 BC during the archaeological excavations held by this Museum (MAEDS) at Chibanes (Palmela).
It is a crucial artefact for everyday life, well adapted to traditional Mediterranean olive oil lighting. If in the domestic environment it made the shadows recede, in the afterlife it would enlight the hidden path of the great journey, and doing so is often found in funerary depositions.
Although manufactured on a large scale base, the Roman-Republican lamps generally have a well-purified clay and geometric decorative motifs on the disc that enhance the elegance of the shape, as can be seen in the Chibanes example, where traces of the original black gloss still cover the external surfaces of the lamp.





Hoje relembramos a exposição “Memória e Esquecimento”, das artistas Margarida Lourenço e Rosa Nunes.

A exposição esteve patente no MAEDS entre 16 de Fevereiro e 16 de Março de 2019.

Sob o tema “Tempo Suspenso”, as gravuras de Margarida Lourenço (mmargaridalourenco@gmail.com) recriam “a utopia do equilíbrio perfeito e persistente nas suas belíssimas paisagens, anulando qualquer erosão que a passagem do tempo pudesse engendrar.” 
Rosa Nunes (https://rosanunesfotografia.weebly.com) faz-nos recuar no tempo através das suas fotografias intituladas de “Mega-artefactos”, mostrando-nos “a escorrência do tempo e do esquecimento sobre a ruína de um mega-artefacto.” (Joaquina Soares).

Consulte aqui o desdobrável:



O MAEDS convida-a(o) a revisitar as exposições temporárias de 2019, disponibilizando online os seus catálogos.

Começamos com a exposição "Corona Borealis. Ticiano revisitado", de Eduardo Carqueijeiro e curadoria de Joaquina Soares, inaugurada a 29 de Setembro de 2018, e encerrada a 26 de Janeiro de 2019.

Excerto do texto de Joaquina Soares:


“[...] Eduardo Carqueijeiro constrói em cor e luz um mundo “total” onde a Memória não se perde, atravessa desvairados tempos, enriquece-se de formas e significados, de sentimentos e conhecimento. O artista entra no Labirinto e regressa a Ítaca, digo Museum by the River, guiado pelo código secreto de Ariadne, e embora possa não ser imediatamente perceptível, do novelo que traz consigo desprende-se um ténue fio que atravessa a exposição. Podemos ou não segui-lo. O presente e o futuro escrevem-se em muitas línguas.[...]”

Consulte o catálogo completo aqui: https://bit.ly/2yi2DYG




PEÇA DA SEMANA



ÍDOLO-PLACA DA LAPA DO BUGIO (SESIMBRA).
Neolítico Final

Os ídolo-placa, geralmente de xisto, mais raramente de grés ou calcário, surgiram no Neolítico final do Centro e Sul de Portugal, em ambientes, de um modo geral, funerários, há cerca de 5200-5000 anos e sobreviveram até aos inícios de Calcolítico, há cerca de 4800 anos. A sua conotação com a morte é evidente, tal como com o sexo feminino da entidade que representam.
A maioria dos exemplares conhecidos apresenta um carácter antropomórfico estilizado, cujo corpo se encontra “vestido” por estrutura têxtil de motivos geométricos diversificados; algumas peças mais evolucionadas possuem olhos solares. Excepcionalmente, a representação antropomórfica gravada nestas placas pétreas surge desnuda, com signos atribuídos ao sexo feminino. Na esmagadora maioria dos exemplares existe no topo um orifício que permitia a sua suspensão ao pescoço da(o) defunta(o).
Diversas interpretações têm sido propostas para estes ideoartefactos “icónicos” da Pré-história portuguesa, que não serão aqui debatidas.
O exemplar apresentado, proveniente de ossuário da Lapa do Bugio, do Neolítico final, e pertencente ao acervo do MAEDS, apresenta uma iconografia única. No interior do corpo da divindade feminina, encontra-se figurado o ídolo almeriense, muito divulgado em contextos coevos do Sudeste da Península Ibérica, manufacturado frequentemente em placa óssea. Podemos assim ler neste ídolo-placa uma alusão à maternidade, mas mais ainda, à interacção entre as costas atlântica e mediterrânea do sul da Ibéria e apreender uma narrativa que com 5000 anos nos indica ainda caminhos com futuro.

J.S.

ENGRAVED SCHIST PLAQUE OF LAPA DO BUGIO (SESIMBRA)
Late Neolithic


The specimen presented here, from the late Neolithic, with about 5000 years, has a unique iconography. Inside the body of the female divinity is the Almerian idol, widely represented in Late Neolithic contexts of the Iberian Southeast. We can thus read in this artifact an allusion to motherhood, but even more so, to the interaction of the south of the Iberian Peninsula coast by coast, from the Atlantic to the Mediterranean. A history of 5000 years ago can, amazingly, indicate a future path.

PEÇA DA SEMANA




CAPITEL DE COLUNA, DE ESTILO CORINTIZANTE, DO SÉCULO II d.C., DECORADO COM MOTIVOS VEGETALISTAS

Exemplar encontrado em Caetobriga, nas escavações da Rua Vasco Soveral, 8-12, da iniciativa do MAEDS, sob a direcção de Joaquina Soares, onde hoje se localiza um alojamento local propriedade da Engª Ana Saraiva Carvalho. De excelente execução, em calcário beje, possui 22cm de altura. As suas dimensões são compatíveis com um espaço privado, eventualmente o peristilo ou o triclinium da domus (“Casa dos Mosaicos”) parcialmente escavada na Rua António Joaquim Granjo.
As faces laterais do capitel encontram-se decoradas por quatro palmetas, uma em cada face. A organização é simétrica e com equilibrado jogo de claros-escuros. A decoração vegetalista, inspirada em ornamentos helenísticos, observa-se a partir dos séculos I e II d.C. Os exemplares mais antigos surgiram em Pompeia, geralmente em edifícios privados.
A decoração tem paralelos nos capitéis corintizantes de Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisboa) e Santarém, e embora possa ter sido produzida em oficina da região de Lisboa, que por hipótese abasteceria Felicitas Iulia Olisipo e território circundante, o capitel corintizante de Setúbal também pode ser relacionado com fluxos comerciais mais amplos, de oficinas provinciais do sul da Península Ibérica que por via marítima e fluvial ou por via terrestre (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita) fizeram circular matérias-primas como mármore de Estremoz ou calcário de Sintra, presentes na província da Bética em cidades como Itálica e Baelo Claudia, entre outras. Pelas mesmas vias podem ter sido comercializados cartões e produtos manufacturados. O valor e apreço pelo capitel da Rua Vasco Soveral explicam que o seu proprietário o tenha mandado restaurar na parte quebrada de uma das folhas da coroa inferior, através de pequeno espigão metálico, parte integrante da biografia da peça.

J.S.


COLUMN CAPITAL, CORINTHIAN STYLE, FROM THE 2nd CENTURY AD, DECORATED WITH FOLIAGE ORNAMENT

Capital found in Caetobriga (Setúbal), in the excavations of Rua Vasco Soveral 8-12, under the MAEDS initiative and Joaquina Soares direction, where today a local accommodation owned by C. Eng. Ana Saraiva Carvalho is located. With excellent execution, in beige-white limestone, it is 22cm high. Its dimensions are compatible with a private space, possibly the peristyle or the triclinium of a domus ("Casa dos Mosaicos") partially excavated on the surrounding area (Rua António Joaquim Granjo).
The lateral faces of the capital are decorated by four acanthus leaves, one on each side. The organization is symmetrical and with a balanced game of light-dark shadows. The vegetal decoration, inspired by Hellenistic ornaments, can be seen from the 1st until the 2nd century AD. The oldest specimens appeared in Pompeii, usually in private buildings.
The decoration find similarities in the Corinthian style capitals of Cadafais (Alenquer), Casa dos Bicos (Lisbon) and Santarém, and although it may have been produced in a workshop in the Lisbon region, which hypothetically would supply Felicitas Iulia Olisipo and the surrounding territory, the Corinthian style capital of Setúbal can also be related to wider commercial flows, from provincial workshops in the south of the Iberian Peninsula that by sea and river or by land (Olisipo - Caetobriga - Salacia - Ebora - Augusta Emerita) boosted the circulation of raw materials like Estremoz marble or Sintra limestone, that were found in the province of Baetica in cities such as Italica and Baelo Claudia, among others. Cards with models and manufactured products may have been sold along the same routes. The value and appreciation for the column capital of the Rua Vasco Soveral explain that its owner had it restored on the broken part of one of the acanthus leaves of the lower crown through a small metallic spike that shows an important part of the piece biography.

Bibliografia | Bibliography
Soares, J.; Fernandes, L.; Tavares da Silva, C.; Pereira, T.R.; Duarte, S.; Coelho-Soares, A. (2019) - Preexistências de Setúbal: intervenção arqueológica na Rua Vasco Soveral 8-12. Ophiussa, 3, p. 155-183.

Peça da semana


J
Estela funerária de Ervidel II

     Grande laje de xisto grauváquico com 1.75 m de altura, 0,59 m de largura e 0,23 m de espessura, decorada em uma das faces por elementos que permitem integrá-la no grupo das estelas extremenhas, do Sudoeste da Península Ibérica, pertencente ao final da Idade do Bronze. Foi encontrada em posição secundária, na necrópole de cistas da Herdade de Pomar, freguesia de Ervidel, concelho de Aljustrel.
     A face decorada foi previamente preparada por bujardagem. As gravuras foram realizadas sobre esse fundo, por picotagem indirecta; ocupam cerca de três quartos do comprimento total do suporte. A composição organiza-se em três níveis:
− No centro, é figurado, com grande destaque, um escudo de chanfradura em V;
− Na parte superior, salienta-se um personagem fálico, muito estilizado. Esse personagem ostenta na cintura uma espada de lâmina em língua de carpa e sobre a cabeça, uma lança. Sobre o ombro esquerdo surge a representação de uma pinça e à sua frente, a de uma fíbula de cotovelo. Rodeando-o, podem ainda ver-se representações de um cão, espelho e pente. Objectos de prestígio similares têm sido encontrados em outros contextos, como o monumento da Roça do Casal do Meio, no concelho de Sesimbra, datado radiometricamente de meados do século XI a finais do século IX BC;
− No nível inferior da composição, surgem dois personagens (um deles fálico) em posição jacente, figurando mortos ou personagens subalternos relativamente à figura do guerreiro representado no registo superior. Este poderia corresponder a uma representação simbólica e heroicizada de um chefe local ou regional. A estela constitui um verdadeiro tratado de paleo-sociologia, ilustrando claramente o carácter estratificado das sociedades do Bronze final no Sudoeste da Península Ibérica. 

J.S. 


Funerary stele of Ervidel II

The funerary stele of Ervidel II, on greywacke-schist, is 1.75m x 0.59m x 0.23m. The symbolic elements engraved on one of its faces, link this monumental artefact to the Extremadure group of the Southwestern Iberia grave stelae, dating back, from the Late Bronze Age.
   This stele has been found in a secondary position, in the necropolis of cistlike graves of Herdade de Pomar, Parish of Ervidel, Municipality of Aljustrel. The carved motives occupy almost three quarters of the total prepared area, and they are organized into three levels:
− In the centre, there is a highlighted representation of a V-notched shield;
− In the upper level, there is a phallic human figure, very stylized, probably representing a local chief surrounded by prestige items and weapons. That personage exhibits a sword of “língua de carpa” type at the waist. There is a spear above the head, and tweezers, above the left shoulder. At the front, there is a fibula. A dog, a mirror and a comb are lying below. Similar objects have been found in other contexts like the tomb of Roça do Casal do Meio, near Sesimbra, dated by radiocarbon from mid-11th century till the end of the 9th century BC.
− In the lower level, we can see, in a defeated position, two clearly devaluated human figures in comparison to the powerful warrior, represented on the top.
The stele of Ervidel II displays the power of a local or regional chief in a period in which social stratification emerged. Charismatic chiefs centralized the political power and became heroized leaders.

Bibliografia
Gomes, M. V. ; Monteiro, J. P. (1976-77) – As estelas decoradas da Herdade de Pomar (Ervidel-Beja). Estudo comparado. Setúbal Arqueológica, II-III, p. 281-351.
Tavares da Silva, C.; Soares, J. (2006) – Territórios da Pré-história em Portugal. Setúbal e Alentejo Litoral. Tomar: Centro de Pré-história do Instituto Politécnico de Tomar.
Vilaça, R.; Cunha, E. (2005) – A Roça do Casal do Meio (Calhariz, Sesimbra). Novos contributos. Al madan, IIªS, 13, p. 48-57.