As três abordagens, complementares ou divergentes, mostram diversas formas de habitar e outras tantas cadências de estar no tempo.
“Diálogos”, de Rosa Nunes, inspira sentimentos contraditórios
e aparentemente inconciliáveis, mas adverte mais do que a palavra para formas
de habitar nas margens periurbanas, fronteiras expectantes, com o destino
suspenso, tal como a vida de migrantes. Algumas das imagens convocam
melancólica nostalgia pelas cinturas verdes de quintas que rodeavam as nossas
cidades e que a industrialização das décadas de 60-70 do século XX reduziu a
não-lugares, ao serviço de urbanização massiva e caótica. Essas imagens
comportam ainda outra dimensão, a de trajetória para cidades mais verdes:
distenda-se o olhar sobre extensa várzea pontuada por “salvados” do património
rural, que desafiam o tempo no seu estar de ruínas arqueológicas e prometem
guardar as sucessivas camadas de memória de outras formas de habitar, até uma
primordial idade de inocência, quando os deuses passeavam na terra e os animais
falavam.
Contamos consigo! Entrada livre.
Sem comentários:
Enviar um comentário