ACERVO DO MAEDS EM 3D

 


Os ídolo-placa, geralmente de xisto, mais raramente de grés ou calcário, surgiram no Neolítico final do Centro e Sul de Portugal, em ambientes, de um modo geral, funerários, há cerca de 5200-5000 anos e sobreviveram até aos inícios de Calcolítico, há cerca de 4800 anos. A sua conotação com a morte é evidente, tal como com o sexo feminino da entidade que representam. A maioria dos exemplares conhecidos apresenta um carácter antropomórfico estilizado, cujo corpo se encontra “vestido” por estrutura têxtil de motivos geométricos diversificados; algumas peças mais evolucionadas possuem olhos solares. Excepcionalmente, a representação antropomórfica gravada nestas placas pétreas surge desnuda, com signos atribuídos ao sexo feminino. Na esmagadora maioria dos exemplares existe no topo um orifício que permitia a sua suspensão ao pescoço da(o) defunta(o). Diversas interpretações têm sido propostas para estes ideoartefactos “icónicos” da Pré-história portuguesa, que não serão aqui debatidas. O exemplar apresentado, proveniente de ossuário da Lapa do Bugio, do Neolítico final, e pertencente ao acervo do MAEDS, apresenta uma iconografia única. No interior do corpo da divindade feminina, encontra-se figurado o ídolo almeriense, muito divulgado em contextos coevos do Sudeste da Península Ibérica, manufacturado frequentemente em placa óssea. Podemos assim ler neste ídolo-placa uma alusão à maternidade, mas mais ainda, à interacção entre as costas atlântica e mediterrânea do sul da Ibéria e apreender uma narrativa que com 5000 anos nos indica ainda caminhos com futuro.

 Imagem 3D realizada em Blender. Elaborada por Francisco de Lima Nunes.

Clique aqui para ver a animação da peça>https://www.youtube.com/shorts/2sHnyCuhKWY



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