Mais do que uma data é um desafio para reflectirmos sobre a
desigualdade de género que continua a existir à escala global. A ONU elegeu
oficialmente o Dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher, corolário de
uma luta continuada das mulheres contra a segregação, a desvalorização e a
opressão no trabalho, na rua e na família. Para o movimento de libertação da
mulher contra o estatuto de inferioridade que lhe tem sido imposto, confluem
muitas batalhas, muitas vidas que continuamente denunciaram a hipocrisia dos
princípios da desigualdade de género e foram desconstruindo essa armadilha.
Às vezes imperceptível, porque habilmente escondido, o
estigma da desigualdade de género, etária e étnica continua a estar presente no
nosso retrato social e constitui uma estratégia de multiplicação das fronteiras
de desigualdade pelo capital global para legitimar a extorsão de
sobre-mais-valias ao trabalho feminino, infantil e imigrante.
A arqueologia e a antropologia cultural há muito
demonstraram que a desigualdade de género não constitui uma fatalidade
biológica, intrínseca a uma suposta “natureza humana”; pelo contrário, trata-se
de uma construção social, datada, que se desenvolve sobretudo em sociedades
fortemente hierarquizadas, proto-estatais e estatais, da Idade do Bronze, a
partir de há cerca de 4000 anos.
O MAEDS dedica, habitualmente, o mês de Março às questões da
Mulher. Encerrado ao público por força da pandemia, reabrirá com uma exposição
de duas artistas plásticas: Susana Marques e Jacira da Conceição, em parceria
com o MDM (Movimento Democrático de Mulheres). A propósito do tema, divulgamos
aqui um vídeo sobre o trabalho de olaria no feminino, que se realiza em Cabo
Verde e que faz parte do imaginário de Jacira da Conceição.
https://www.youtube.com/watch?v=gphzMACnl0M
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