Ana Hatherly

Compilação de João Rebelo e André Mira

Nasceu no Porto, em 1929. Os seus pais morreram quando era muito jovem, foi então educada pela avó materna. Devido a doença, frequentou um sanatório na Suíça, durante um ano. Aí começou a escrever por recomendação de um psicólogo. Foi para Londres estudar cinema e lá acabo por ter uma filha chamada Catherine d’Elche que faleceu em 1970 num acidente de automóvel.
Romancista, ensaísta e tradutora, Ana Hatherly iniciou a carreira literária em 1958. A sua poesia junta fortes tendências barrocas e visuais.
Diplomada em Cinema, pela London Film School, em Londres, licenciada pela Universidade de Lisboa e doutorada em Literaturas Hispânicas pela Universidade de Berkeley, nos EUA, foi Professora Catedrática de Literatura Portuguesa da Universidade Nova de Lisboa, onde presidiu o Instituto de Estudos Portugueses. Foi membro da Direcção da Associação Portuguesa de Escritores e ajudou a fundar o P.E.N. Clube Português
Em 1960 iniciou a sua carreira como artista plástica, com um extenso número de exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro.
Foi também um membro destacado do grupo de Poesia Experimental Portuguesa nas décadas de 60 e 70, além de se ter dedicado à investigação e divulgação da literatura portuguesa barroca, fundando as revistas Claro-Escuro e Incidências

•              1978 - Medalha Oskar Nobiling, pela Academia Brasileira de Filologia do Rio de Janeiro
•              1998 - Grande Prémio de Ensaio Literário da Associação Portuguesa de Escritores;
•              1999 - Prémio de Poesia do P.E.N. Clube Português;
•              2003 - Prémio de Poesia Evelyne Encelot, em França, e o Prémio Hannibal Lucic, na Croácia.
•              2009 - Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique
•              2015 - Prémio Femina por mérito na Literatura

Obras literárias:
Poesia
•              Um Ritmo Perdido. (1958)
•              As Aparências. Lisboa: Sociedade de Expansão Cultural (1959)
•              A Dama e o Cavaleiro. Lisboa. (1960)
•              Sigma. Lisboa. (1965)
•              Estruturas Poéticas. (1967)
•              Eros Frenético. (1968)
•              39 Tisanas. (1969)
•              Anagramático. (1970)
•              63 Tisanas: (40-102). (1973)
•              Poesia: 1958-1978. (1980)
•              Ana Viva e Plurilida. (1982)
•              O Cisne Intacto. (1983)
•              A Cidade das Palavras. (1988)
•              Volúpsia. (1994)
•              351 Tisanas. (1997)
•              Rilkeana.(1999)
•              Um Calculador de Improbabilidades. (2001)
•              O Pavão Negro. (Prémio de Consagração da Associação                   Portuguesa de Críticos Literários) (2003)
•              Itinerários. Vila Nova de Famalicão: Edições Quasi (2003)
•              Fibrilações. (2005)
•              A Idade da Escrita e outros poemas. (2005)
•              463 Tisanas. (2006)
•              A Neo-Penélope. (2007)

Prosa
•              O Mestre. Lisboa: Arcádia (1963
•              No Restaurante.(1967).
•              Crónicas, Anacrónicas Quase-tisanas e outras Neo-prosas. (1977)
•              O Tacto. (1979)
•              Anacrusa: 68 sonhos. (1983)
•              Elles. (1999)
•              O Neo-Ali Babá. (2004)


Obras plásticas
•              As Ruas de Lisboa. 1977

•              Sem títulos

•              Les Demoiselles dÁvignon invaded by Time

•              Auto-retratos

•              A Romã
•              Chimneys of London with flying kites and a columm of smoke. 1972
•              Only you. 2001    
•              Pesquisa textual. 1965
•              Retrato de Lautreamont. 1971
•              “da desigualdade constante dos dias de Leonor”. 1972
•              Escuta o conto profano. 1998
•              Torah. 1973
•              Auto-retrato á la Füssli. 1973
•              O mar que se quebra. 1998
•              Retrato de Manuel de Lima. 1971
•              Pax. 1987
•              Kites in Hampstead Heath
•              Retrato de George Orwell. 1971
•              Metáfora da “mão inteligente”. 1975
•              Love letter puzzle. 1998
•              Da Servidão Humana 1997
•              O sonho da abundância. 1997
•              Cidade. 1971
•              As doenças. 1971
•              O poeta imaginado: ou como ele é imaginado pelos outros. 1972
•              Escrita Descendente. 1979
•              O encontro. 1997
•              Os anjos suspensos (homenagem a Borloch). 1998
•              Não me lembro. 1999
•              Onde. 1998
•              Voar. 1998
•              Revolução. 1975
•              O novo, não o livre. 1975
•              Auto – Retrato à la Matisse. 1971
•              Salva a alma. 1997
•              O mar . 1971
•              Fortitude. 1971
•              Portrait of Someone I Saw – 71 (à la Matisse). 1971
•              No grande espaço é sempre noite. 1963
•              Sonhando longamente contigo
•              Viagem à Índia IV. 1996
•              Os mistérios da mente. 1971

Poesia Experimental Portuguesa
Movimento poético que surgiu no início da década de 60 e lançado a partir da publicação em julho de 1964 da revista Poesia Experimental, organizada por António Aragão e Herberto Helder, com a colaboração de António Barahona da Fonseca,  António Ramos Rosa, Ernesto Manuel de Melo e Castro e Salette Tavares

Esta poesia é caracterizada pelo automatismo surrealista e por uma análise aplicada às estruturas morfológicas e sintáticas, à rima, às analogias verbais, à distribuição visual dos espaços e dos caracteres gráficos. A principal tendência da poesia experimental é para explorar ao máximo as possibilidades estruturais de um dado material artístico independentemente de qualquer intenção significativa.

Características
Os poemas visuais são textos que juntam o contexto visual com o contexto literário.
São conhecidos por apresentarem desenhos, símbolos, construídos com as próprias palavras, que estão diretamente ligados à mensagem escrita que apresenta.
São, normalmente, curtos e os símbolos são facilmente reconhecidos, na maioria, remetem a conceitos já conhecidos pelos leitores.

Poesia concreta
Tipo de poesia vanguardista, de carácter experimental, basicamente visual, que procura estruturar o texto poético escrito a partir do espaço do seu suporte, sendo ele a página de um livro ou não, buscando a superação do verso como unidade rítmico-formal.
Surgiu em 1950 no Brasil e na Suíça, tendo sido primeiramente nomeada por Augusto de Campos na revista “Noigandres” na sua segunda edição, de 1955. Também é chamada de (ou confundida com) poesia visual em algumas partes do mundo. A poesia concreta opera por duas distinções básicas: a paranomásia e a disposição espacial dos vocábulos, frases ou caracteres. Atuando como um jogo de palavras e não abandonando o uso das mesmas, a poesia concreta não é exclusivamente uma poesia visual.

Características

•              Uso da linguagem verbal e não-verbal
•              Experimentalismo poético
•              Poesia visual
•              Efeitos gráficos, sonoros e semânticos
•              Aspectos geométricos
•              Supressão do verso e estrofe
•              Desaparecimento do eu-lírico
•              Eliminação da poesia intimista
•              Racionalis

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