Oficina de arte “CONSTRUÇÃO DE MÁSCARAS”
2 de março, em Madrid, Instituto Arqueológico Alemão
PRÉMIO DE ARQUEOLOGIA PROFESSOR DOUTOR OCTÁVIO DA VEIGA FERREIRA - EDIÇÃO DE 2022-, DISTINGUE O CASTRO DE CHIBANES
(palavras proferidas por Joaquina Soares no acto de outorga do Prémio Prof. Doutor Octávio da Veiga Ferreira)
Exma. Senhora Prof.ª Doutora Manuela Mendonça, Digníssima Presidente da Academia Portuguesa da História, Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Exma. Mesa, Estimados Confrades, Amigos e Colegas, Minhas Senhoras, Meus Senhores.
É com muita honra e imensa alegria que recebo, também em nome de Carlos Tavares da Silva, o Prémio de Arqueologia Prof. Doutor Octávio da Veiga Ferreira, em boa hora instituído pela Câmara Municipal de Oeiras e Academia Portuguesa da História, a quem agradecemos vivamente.
O Prof. Octávio da Veiga Ferreira, nosso mestre maior, inspirou-nos e a várias gerações no caminho da uma Arqueologia Científica de braço dado com as chamadas
Arqueociências, ao contrário do paradigma então vigente.
Este insigne Arqueólogo e Professor criou no Museu dos Serviços Geológicos (hoje Museu Geológico), e depois na Universidade Nova, uma Escola de Arqueologia onde os jovens estudantes e os investigadores nacionais e estrangeiros que procuravam estudar a realidade portuguesa eram acolhidos num espírito de abertura europeísta, mesmo nos anos sombrios do Estado Novo. A sua paixão contagiante pela arqueologia e pela geologia de campo materializaram-se em uma obra notável com mais de 340 títulos publicados e na colaboração dispensada a mais de uma centena de cartas geológicas da série 1:50.000.
A construção da memória desta figura ímpar da Cultura Portuguesa muito deve ao Prof. Doutor João Luís Cardoso, a quem também aqui homenageamos
A realização do livro “ O Castro de Chibanes na Conquista Romana. Intervenções Arqueológicas de 1996 a 2007”, agora distinguido com tão importante prémio, só foi possível graças ao financiamento e empenho da Associação de Municípios da Região de Setúbal –AMRS-, a quem naturalmente agradecemos.
Qualquer projecto de investigação sobre o devir histórico começa pelas fontes, as nossas são os contextos arqueológicos. Chibanes foi objecto de muitas campanhas de escavação, normalmente associadas a cursos de verão para estudantes universitários. Largas dezenas de estudantes fizeram o estágio de campo da licenciatura em Arqueologia, no Castro de Chibanes. Para esses queridos alunos, arqueólogos, desenhadores e demais participantes vai o nosso reconhecimento. Graças ao seu esforço tecnicamente orientado e entusiasmo, foi possível resgatar dos sedimentos e do esquecimento o fortim romano republicano dos séculos II-I a.C., agora dado a conhecer monograficamente neste livro e justamente classificado como Monumento de Interesse Público, em resultado das escavações
arqueológicas.
Mas outrostempos, outras arquitecturas, outras narrativas que precederam a fortificação romana, há 5000anos, aguardam ainda publicação monográfica.
Aos colegas que participaram sectorialmente no estudo da cultura material, ecofactos e artefactos, agradecemos afectuosamente terem connosco percorrido esse caminho de interrogações, com muitas horas de gabinete, de laboratório e de debate. Da Universidade do Porto, Catarina Ginja e colaboradores do projecto Archgen; da Universidade do Algarve, Ricardo Godinho e Adriana Leite; do Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Cleia Detry, Elisa de Sousa, João Pimenta, Susana Estrela; da Universidade de Sevilha, Noé Conejo e José António Correa Rodríguez.
Um agradecimento final, mas muito sentido, vai para os mais próximos colaboradores, que diariamente compõem as teias da Memória no Centro de Estudos Arqueológicos do MAEDS: Antónia Coelho-Soares, Susana Duarte, Teresa Rita Pereira, Júlio Costa, Ana Castela, Ana Paula Covas e Virgínia Ajuda.
A terminar, renovo os agradecimentos à Academia Portuguesa da História e à Associação de Municípios da Região de Setúbal, e deixo um voto, ou melhor, um apelo para que o Ministério da Cultura e a FCT olhem o património arqueológico como fonte indispensável à produção de conhecimento histórico no tempo longo e como importante recurso de desenvolvimento económico, social e cultural. Financiar de forma condigna é preciso, apoiar com o entusiasmo de quem acredita e deixar que os olhos se estendam para sul do grande Rio é indispensável à coesão nacional.
Joaquina Soares,
Lisboa, APH,
7 de Dezembro de 2022