Exposição colectiva "Res Arrabidae"
Artistas:
Acácio Malhador; Carlos Pereira da Silva;
Eduardo Carqueijeiro, Francisco Borba; Helena Mendonça; José Cascada; Luciano
Costa; Nuno David; Rosa Nunes
Inauguração, 6 Fevereiro, 16h30
Casa da Avenida (Av. Luisa Todi, 286, Setúbal)
Sobre a
exposição:
Res Arrabidae – colectiva
de arte
A AMRS – Associação de Municípios da Região
de Setúbal e os seus municípios associados, partindo do entendimento de que a
Arrábida constitui um território de excepcional beleza, sendo possuidora de
valores patrimoniais únicos, têm vindo a desenvolver um relevante trabalho de
estudo, valorização, preservação e promoção da Arrábida.
O projecto artístico Res Arrabidae, acolhido pelo nosso MAEDS – Museu de Arqueologia e
Etnografia do Distrito de Setúbal, revela-nos olhares diferentes e
multidisciplinares sobre uma mesma realidade, também ela diversa, feita de
profundas contradições entre o céu e a terra, o mar e a serra.
Território de inspirações, a Arrábida tem
despertado, desde sempre, o interesse daqueles que por ela são influenciados e
que com a sua arte a multiplicam, tornando-a mais rica e mais bela.
Neste processo dicotómico observa-se,
simultaneamente, uma Arrábida que é trabalhada por artistas e que pela arte
ganha novas dimensões e contornos e artistas que são tocados, moldados e
influenciados pela Arrábida.
É esta relação entre a natureza e o ser
humano, relação de harmonia e simbiose entre as comunidades humanas e a
biodiversidade existente no território, que a AMRS entende fundamental promover
e proteger.
É este o desígnio que nos guiou, em parceria
com os Municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal e o ICNF, à decisão de
promover a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera e, mais importante,
continuar a desenvolver um trabalho de preservação, valorização e promoção
deste património único e excepcional que é a Arrábida.
A exposição colectiva que o MAEDS agora
acolhe é um importante contributo para que novos olhares recaiam sobre este
território, os seus valores patrimoniais naturais e culturais, a sua
inconfundível beleza.
Rui Garcia
(Presidente do Conselho Diretivo da AMRS)
Arte e
Cidadania
O projecto artístico Res Arrabidae teve a sua génese e desenvolvimento no exterior do museu,
e, no entanto, o grupo de artistas plásticos que nele trabalhou pensou-o para
este espaço museal; desta forma, uma
autêntica museologia cidadã acontece. O MAEDS deve a sua vitalidade, em grande
parte, ao extenso perímetro de interacção desenhado pelos seus públicos.
Nesta mostra colectiva, há um tema comum, uma
particular montanha, ou mais apropriadamente uma cordilheira, verdadeira
ossatura da mesopotâmia irrigada pelos estuários do Tejo e Sado. Quase todos os
intervenientes na exposição exaltam a magnificência do relevo, da flora, das
paisagens terrestres e oceânicas que na e da Arrábida se avistam.
Não poderei abordar, caso a caso, as obras
dos nove autores que reconstroem a Arrábida e a sua Península com imensa
extensão de vivências e cumplicidades entretecidas neste território. O desafio
maior para onde todos convergem é o da necessidade de saber olhar e ver,
preservar e valorizar esse património único.
Depois da representação, a realidade, voltar
ao campo, a um campo cuidado, bem ordenado, de onde possamos recolher o mel e o
medronho, o vinho e o sol, o repouso, o sonho, e, porque não, a especial utopia
de “paraíso selvagem primordial”, tal como no Passado outras comunidades o
fizeram, com assinalável bom êxito?
Luciano Costa, José Cascada, Nuno David, cada
um em seu estilo, procuram os lugares antes habitados. Às vezes é apenas um
muro velho, uma buganvília, um corgo para onde desce uma vinha, a luz a brincar
às escondidas no montado. Têm a estranha capacidade de captar o espírito do
lugar.
Helena Mendonça e Carlos Pereira estruturam
as suas composições através da escolha de motivos para onde conduzem o olhar do
visitante. O seu discurso, longe de ficar a pairar, pousa sobre...o objecto.
Acácio Malhador atingiu um estilo muito
próprio, quase diria inconfundível. Com uma severa paleta cromática, mas
generosa pincelada, transmite a irreverência e a fina ironia próprias de quem
não abdica do direito à diferença.
Eduardo Carqueijeiro, sempre surpreendente,
envolve a serra como deusa mãe na túnica indiscreta de uma velha paixão. Ele,
como ninguém, conhece os seus perfis, os melhores e os piores e sabe que a
defesa da biodiversidade pressupõe competência técnica e inteligência
emocional.
Francisco Borba eleva a fotografia a um
exercício de culto, de rigor e contenção estética, oferecendo preciosos frutos
da terra, a que raramente dispensamos
atenção. Perante as suas imagens, não posso deixar de pensar nas famílias
romanas que criaram gado bovino e cereais nas terras do Creiro (quem diria?) ou
nos monges franciscanos debruçados em sua horta.
Finalmente, Rosa Nunes continua a afirmar o
seu percurso na fotografia conceptual, que no caso vertente se alia, com rara
pertinência, a texto de José Saramago. Entre a ironia e alguma esperança
melancólica, a artista adverte-nos para o perigo da cegueira (cego é o que não
quer ver) e para a defesa do ambiente, não prescindindo de uma postura de
intervenção social.
CICLO DE ACTIVIDADES E PALESTRAS ASSOCIADAS:
Programa
13 Fevereiro > 16h30 > Casa
da Avenida
Conferência “ Cultura e Natureza na Arrábida”
Prof.ª Doutora
Joaquina Soares
20 Fevereiro > 16h30 > Casa
da Avenida
"Poetas e
Pintores do Passado - Breves Referências e Imagens"
Pintores Nuno David,
Sara Loureiro, Luciano Costa
27 Fevereiro > 16h30 > Casa
da Avenida
Conferência “Biodiversidade e Sustentabilidade dos Recursos
Naturais”
Engº Francisco Borba
28 Fevereiro> 16h30 > Casa
da Avenida
Pintura ao vivo. Pastel seco
Pintor José Cascada.
06 Março> 9h30 > Convento
da Arrábida
Pintura ao vivo no
Convento (programa aberto a
participantes inscritos)
Pintor Nuno David.
Entrada gratuita
Organização:
Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal/Associação de
Municípios da Região de Setúbal.
Apoio:
Casa Avenida e Fundação Oriente
ACTIVIDADE PARA AS ESCOLAS