De 19 a 21 de Maio decorreu em Setúbal uma reunião científica organizada pelo MAEDS (Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal/Assembleia Distrital de Setúbal) em parceria com a SIMARSUL, sobre a temática da sábia e ancestral exploração humana dos habitats litorais e ribeirinhos. Nestas Jornadas participaram 20 conferencistas, estando presentes os mais conceituados arqueólogos portugueses, espanhóis e franceses que têm vindo a desenvolver projetos de investigação no domínio referido. A assistência, de cerca de 80 participantes, foi constituída por estudiosos, técnicos, professores e estudantes do ensino superior. Apoiaram esta iniciativa a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, a Lisnave, a Câmara Municipal do Barreiro, a Fundação Buelher a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra e o Governo Civil do Distrito de Setúbal.
Conferencistas e secretariado (sessão de encerramento)
Foto de Alex Gandum
A produção de sal marinho na Pré-história portuguesa encontra a sua melhor expressão no sítio arqueológico da Ponta da Passadeira (Barreiro), sobre o qual foram apresentadas diversas comunicações, numa perspectiva multidisciplinar. A Pré-história do sal foi objecto de análise, não só nos estuários do Tejo e Sado e na costa meridional portuguesa, mas também à escala europeia, quer nas zonas húmidas litorais, quer em sistemas lagunares salgados continentais.
Outro ponto alto da Conferência consistiu na visita aos concheiros mesolíticos de Muge, patrocinada pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos. Aqueles sítios, dos mais internacionalizados da arqueologia portuguesa, correspondem às primeiras formas de territorialização de sociedades de caçadores-recolectores complexos em processo de mudança para as sociedades camponesas.
Na sessão de abertura do congresso, participaram o Presidente da Assembleia Distrital de Setúbal, Dr. Joaquim Gonçalves, o Governador Civil do Distrito de Setúbal, Dr. Manuel Malheiros, o Presidente do Conselho da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Engº. Carlos Gouveia Lopes, Engº Carlos Mineiro Aires, da Administração da SIMARSUL, e os Profs. Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva.
Esq. para a dir: Engº Carlos Mineiro Aires, da Administração da SIMARSUL, Governador Civil do Distrito de Setúbal, Dr. Manuel Malheiros, Presidente da Assembleia Distrital de Setúbal, Dr. Joaquim Gonçalves, Prof. Joaquina Soares, Presidente do Conselho da Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, Engº. Carlos Gouveia Lopes e Prof. Carlos Tavares da Silva.
Em nome da coordenação da Conferência, Joaquina Soares resumia assim, de forma clara, a vocação marítima do nosso país:
“Nesta viagem pelo Passado, estamos, obviamente, a recolher informação para a actualidade e para o futuro. A Arqueologia das Zonas Húmidas deverá ser, sem dúvida, uma frente activa de investigação em países como o nosso, em regiões como o Distrito de Setúbal. E aqui a Arqueologia pode dar um contributo de relevo para o desenvolvimento económico, social e cultural de um país que tem de repensar a sua ancestral ligação ao mar e as vantagens comparativas que daí advêm, tanto no domínio da pesquisa, como no da aplicação, nomeadamente nos sectores dos transportes, da indústria, do turismo e das pescas”.
