Dia 10 de março, pelas 21h00, inauguramos a exposição fotográfica “Habitar a Terra” com imagens de Carlos Almeida, Joana Bom e Rosa Nunes.

 As três abordagens, complementares ou divergentes, mostram diversas formas de habitar e outras tantas cadências de estar no tempo.

 “Amazon Star” de Carlos Almeida e “Amazónia, às margens do rio” de Joana Bom incidem sobre modos de habitar em simbiose com a Natureza, nas margens do Amazonas, nesse Brasil imenso, pulmão planetário único e insubstituível. É preciso voltar à terra e aprender essa alegria nova que o urbanita perdeu. Nessas populações reside a sabedoria holística que o “Homo tecnologicus” esqueceu; de alguma forma, guardam a esperança de redenção. São imagens marcantes e comoventes registadas por viajantes que buscam a razão de ser das coisas; nas suas construções morais e estéticas, assumem a estranha capacidade de criar novos modos de ver o Outro, aproximando-nos fraternamente em abraço que atravessa a distância.

“Diálogos”, de Rosa Nunes, inspira sentimentos contraditórios e aparentemente inconciliáveis, mas adverte mais do que a palavra para formas de habitar nas margens periurbanas, fronteiras expectantes, com o destino suspenso, tal como a vida de migrantes. Algumas das imagens convocam melancólica nostalgia pelas cinturas verdes de quintas que rodeavam as nossas cidades e que a industrialização das décadas de 60-70 do século XX reduziu a não-lugares, ao serviço de urbanização massiva e caótica. Essas imagens comportam ainda outra dimensão, a de trajetória para cidades mais verdes: distenda-se o olhar sobre extensa várzea pontuada por “salvados” do património rural, que desafiam o tempo no seu estar de ruínas arqueológicas e prometem guardar as sucessivas camadas de memória de outras formas de habitar, até uma primordial idade de inocência, quando os deuses passeavam na terra e os animais falavam.


Contamos consigo! Entrada livre.


 

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